FALAR SOBRE SUSTENTABILIDADE NA ARQUITETURA NA CIDADE DO ZERO

Setembro, 2024

Pelo segundo ano consecutivo tive a honra (e o grande desafio) de participar enquanto oradora na Cidade do Zero, e falar sobre um tema que é muito importante e especial para mim: o papel da arquitetura na sustentabilidade.

Para quem não conhece, a Cidade do Zero é uma iniciativa que, este ano, celebrou a sua 3ª edição e teve lugar na Escola Superior de Agronomia, em Lisboa. É um espaço onde, durante um fim de semana, se reúnem várias marcas e projetos para trazer o que de melhor se faz em Portugal em prol de um mundo mais sustentável. Entre, workshops, palestras, showcookings e um mercadinho, conseguimos ter um conjunto de experiências e adquirir conhecimentos dentro deste tema.

Eu já era fã do conceito do projeto e da equipa Do Zero que trabalha durante meses na sua organização, mas ter a oportunidade de fazer parte do mesmo confesso que foi uma experiência indescritível.

Quem me acompanha nas redes sociais sabe que tento, na medida do possível, adotar comportamentos e fazer pequenas mudanças no meu dia a dia, de forma a diminuir a nossa pegada ecológica em casa, mas também sabe que essa preocupação se tem vindo a tornar transversal à minha profissão e aos projetos Homestories. Por isso, falar sobre este tema e partilhar aquilo que sei com uma plateia repleta de pessoas interessadas em saber mais sobre casas sustentáveis foi mesmo uma honra para mim!

Como sei que muitos não tiveram a oportunidade de estar presentes, mas se interessam também pelo tema, decidi trazer-vos um bocadinho daquilo que partilhei.

Comecei por falar sobre as primeiras questões que nos surgem quando pensamos numa casa mais sustentável, nomeadamente que tipo de construção é mais amiga do ambiente, que materiais têm um menor impacto ou que equipamentos são mais eficientes; e em como, estando tudo certo em termos estas preocupações, na verdade, aquilo que tem uma pegada maior no nosso planeta não é a construção em si, mas sim a utilização.

Relembrei que, como todos sabemos, existem em Portugal muitas casas com graves problemas e elevadas necessidades de climatização, inclusive casas novas, que resultam da uma má construção. E que, em consequência disso, ao habitarmos as casas, gastamos muitos recursos para conseguir ter temperaturas de conforto, tanto no verão como no inverno, resolver problemas relacionados com a humidade e sentirmo-nos minimamente bem.

E foi neste alinhamento que abordei a minha formação de Passive House Designer e como cheguei aqui. Com a consciência de que é um tema ainda desconhecido por muitos, mas que é, para mim, o futuro da arquitetura sustentável e o caminho que eu encontrei, para, através da minha profissão, diminuir um bocadinho o nosso impacto.

Falei ainda sobre como, terminada esta formação em 2021, senti que nada sabia sobre arquitetura, não a nível estético, mas sim a nível técnico, porque de facto pensar numa casa deste ponto de vista é altamente exigente e desafiante e faz-nos repensar tudo aquilo que sabemos enquanto arquitetos e como é mais importante projetar edifícios eficientes do que propriamente obras de arte. Isto não significa que uma coisa possa anular a outra, pois podemos continuar a fazer obras de arte, mas com outra consciência e acima de tudo responsabilidade.

Terminei a apresentar os cinco princípios sobre os quais assenta o conceito Passive House, que definem um padrão de elevado desempenho e que podem ser implementados com qualquer sistema construtivo: isolamento térmico, pontes térmicas, estanquidade ao ar, ventilação mecânica e janelas eficientes.

Com isto, expliquei que o conceito Passive House não é um estilo de arquitetura, nem um sistema construtivo, mas sim um conjunto de cinco normas que aplicamos em qualquer projeto Passive House e que devem ser pensadas desde a fase de desenvolvimento da planta.

No separador Passive House disponível no site encontram informação mais detalhada sobre estes princípios e sobre o conceito de forma geral.

Foi um grande desafio, este de falar para tanta gente, mas que resultou numa partilha descontraída para tantas pessoas que têm em comum a vontade de fazer melhor e saber mais.

Estou genuinamente grata à Cidade do Zero por me dar palco para falar deste tema tão importante e muito feliz por fazer parte deste projeto tão especial que tem como objetivo consciencializar para uma série de formas de minimizarmos a nossa pegada de carbono e contribuirmos assim para um mundo mais sustentável e saudável.

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