HOMESTORIES

O PRIMEIRO PROJETO HOMESTORIES DE REABILITAÇÃO COM OS PRINCÍPIOS Passive House

Julho, 2024

Depois de longos meses de trabalho, vimos concluído o primeiro projeto Homestories com os princípios Passive House.

Para quem não está familiarizado com o conceito, convido-vos a ler o artigo que já escrevi para o nosso Blog sobre Passive House, bem como o separador do nosso site dedicado a este tema. Acredito que ajude a compreender melhor as soluções adotadas neste projeto.

Para começar, fazer um projeto de reabilitação, por si só, já é um processo desafiante. E, quando pensamos em transformar uma construção existente numa Passive House, o desafio é ainda maior. De facto, o projeto é mais rigoroso, bem como a construção, e há passos que não podem faltar, nem falhar, para não comprometer o desempenho da casa. Nomeadamente:

– O isolamento térmico de toda a envolvente do edifício sem interrupções, desde paredes, lajes e coberturas;

– Evitar as pontes térmicas porque podem comprometer o comportamento do edifício, por serem zonas de transferência de temperatura e pontes de acumulação de humidade;

– As janelas e portas devem ser certificadas para Passive House, cumprindo os valores de condutibilidade térmica exigidos, e serem instaladas na camada de isolamento térmico;

– O edifício não deve ter qualquer fuga ou saída de ar. A estanquidade é que nos garante a qualidade e temperatura do ar interior;

– Uma vez que a casa é estanque, a ventilação é garantida por um sistema de ventilação mecânica forçada, que irá fazer o controlo do ar saturado/ar renovado.

O primeiro grande desafio deste projeto, foi fazer a camada de isolamento térmico sem interrupções, uma vez que tínhamos uma construção existente e com vários métodos de construção, de um lado uma parede simples de alvenaria e do outro uma parede de pedra com bastante espessura. Neste caso, a solução passou por colocar isolamento térmico de 80mm pelo exterior em toda a zona de alvenaria e nas paredes de pedra foi isolado pelo interior, com lã de rocha de 80mm e parede de gesso cartonado. 
Nas zonas onde os isolamentos se encontravam, estes foram sobrepostos, para colmatar a ponte térmica entre interior e exterior. A cobertura foi isolada pelo exterior com XPS de 100mm, incluindo o beirado, para que existisse o mínimo de interrupções possíveis. A camada estanque foi garantida com reboco em toda as paredes interiores e tetos da casa, e as infraestruturas ficaram na estrutura do gesso cartonado, evitando, assim, a necessidade de abrir roços na camada estanque.

As janelas são da marca Gealan – Linear, com a caixilharia em PVC oscilobatente e vidro duplo com distanciador em plástico. São certificadas para Passive House e foram instaladas com pré-aros, para garantir uma eficiente instalação e a sua correta posição na camada de isolamento térmico. Não foram aplicadas pedras soleiras, para que não existisse uma ponte térmica, que é o que acontece quando a pedra vai do interior até ao exterior. Neste caso, assumiu-se a instalação das janelas diretamente sobre o vão. A impermeabilização dos peitoris foi feita com o sistema ETICS que dobra até ao caixilho.

O sistema de ventilação mecânica, foi colocado estrategicamente nos móveis da cozinha, por estar num ponto central da casa. Assim conseguimos uma maior eficiência do equipamento, bem como diminuir as distâncias das tubagens.

Depois de garantidos todos estes princípios, a nível da planta, a nossa preocupação era tornar a casa o mais funcional possível e tirar o maior proveito da envolvente onde estava inserida. Deste modo, todos os quartos, que estão no piso 1, são virados para o lado do terreno com maior privacidade, ficando a zona de circulação e de entrada na fachada direcionada para a rua. O piso 0 foi projeto para ter a maior amplitude possível, onde desenhámos apenas as divisões essenciais da zona social da casa: cozinha, sala de jantar, sala de estar e casa de banho social. A sala de estar encontra-se num lado mais reservado da casa, que dá acesso a uma pequena varanda, para ser um lugar mais intimista, e a cozinha/zona de refeições ficaram direcionadas para um grande pátio, que permite tirar maior proveito da exposição solar e beneficiar da comunicação com a envolvente exterior.

Este é um pequeno resumo de um projeto cuja sua concretização muito nos orgulha, que resultou da vontade de uma cliente para a qual só fazia sentido reabilitar a sua casa mediante os princípios Passive House. Que sonhava com uma casa que fosse, acima de tudo, mais eficiente, confortável e que tivesse o mínimo de necessidades energéticas, e cuja pegada de carbono tivesse o menor impacto possível no nosso planeta.

Podem ver todo o desenvolvimento deste projeto e da obra na página Green Little Steps ou no perfil de Instagram @anavarelaoficial.